09/07/2012
09h03 - Atualizado em 09/07/2012 09h45
Com novo disco, Negra Li quer ser reconhecida como cantora de MPB
Em ‘Tudo de novo’, ela abandona rap e regrava
'Fotografia', de Leoni.
'Queria cantar com o público prestando atenção em mim, sentadinho', diz.
'Queria cantar com o público prestando atenção em mim, sentadinho', diz.
Lívia MachadoDo G1, em São Paulo
Alçada à fama como uma garota do rap em 2004, Negra
Li quer espaço nas prateleiras de discos de MPB. “Sentia dificuldade em receber
músicas de compositores, pois era vista como rapper. Queria mudar esse estigma.
Fiz um CD oitentista, e quero me firmar como cantora de música popular”,
explica ao G1. Inspirada em Michael
Jackson, Stevie Wonder e nos clássicos da gravadora americana Motown, ela
lança “Tudo de novo”, seu terceiro CD.
Nos seis anos de hiato, petiscou em diversas
vertentes com participações especiais. Cantou com Belo, Martinho da Vila,
Skank, Jeito Moleque, Pitty e Charlie Brown Jr, entre (muitos) outros. Em 2011,
procurou o produtor Rick Bonadio com o desejo de vingar como cantora de música
popular brasileira. “Eu tinha vontade de uma coisa, mas fui levada para outra.
Estava fazendo show com DJ em baladas. Mas queria mesmo era cantar com o
público prestando atenção em mim, sentadinho."
O trabalho de garimpo das canções foi feito por
Bonadio. O produtor pediu aos colegas Sergio Britto, Edgar Scandurra, Maurício
Bressan e Leandro Lehart que enviassem composições. Gee Rocha e Di
Ferrero, do NX Zero, também
contribuiram. Além das encomendas, propôs uma versão soul de “Fotografia”,
sucesso de Leoni e Leo Jaime.
Ele também fez uma música para a cantora. “Hoje eu
só quero ser feliz”, segundo Negra Li, foi inspirada na relação que ela tem com
a filha, Sofia, de três anos, e o marido. “Minha família esteve presente nas
gravações e o Rick viu a sintonia. Ele fez do jeito que sempre tive vontade de
escrever para eles, mas não consigo compor sobre um tema que me cobram. Desde
que minha filha nasceu perguntam se não vou fazer uma canção para ela.”
Apesar dos bloqueios artísticos, Negra Li conseguiu
finalizar uma música em parceria com o amigo Khristiano Oliveira, a única
autoral dentre 11 faixas do disco “Tudo de novo”. “O novo é o desejo que tenho
de mostrar que posso mais do que o rap, lançar um produto sem rima, mostrar que
sou versátil, tenho bagagem.”
Eu tinha vontade de uma coisa, mas fui levada para
outra. Estava fazendo show com DJ em baladas. Mas queria mesmo era cantar com o
público prestando atenção em mim, sentadinho"
Negra Li, cantora
A cantora espera que o empurrão dado por Bonadio
renda parcerias em breve. “Precisei de ajuda pra buscar um material bacana de
MPB. Buscava músicas que tivessem potencial para minha voz. Espero que os
compositores me procurem para oferecer canções.”
Para a fase mais intimista, Negra Li tem como
referência Marisa Monte. “Ela faz um som impecável. Some, mas sempre volta
bem.” O visual no novo disco lembra Paula Lima. "Acho que somos parecidas
no cabelo, estilo. Admiro a Paula, mas ela dialoga com o samba rock. Agora sou
mais soul, menos dançante. Mas a comparação me deixa honrada."
Apesar de coringa das participações especiais nos
últimos anos, deseja gravar com Caetano Veloso e Jorge Ben Jor. “Se eu pudesse,
cantaria um pouco de tudo. Funciono bem em qualquer vertente e procuro fazer
parcerias com quem admiro. Aceitei muitos convites, mas recusei ofertas
também.”
Em agosto, estreia no teatro. Ela viverá a Rainha
branca no musical infantil "O chapeleiro maluco". "Os produtores
pensaram em mim, na [cantora] Luciana Melo e na [atriz] Adriana Lessa. Na
época, minha agenda estava livre, e aceitei na hora o convite. Agora terei que
conciliar com o lançamento do disco."
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